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Gosto de escrever pois a sensação de liberdade quando o faço é indescritível. Escrevo o que sinto, o que penso, o que gostaria que acontecesse. Isto significa que os meus textos são imaginados, contudo, possuindo o seu quê de verdade. I hope that you like it**

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Gestos... *



Eles formavam um casal há meia dúzia de meses. A cumplicidade que os unia era imensa e cada momento em que estavam juntos era aproveitado ao máximo.

Naquela manhã, foram passear pela aldeia. Andaram por entre as casas, por ruas cheias de gente, outras desertas, caminharam por terra batida e por calçada, até por entre arbustos e árvores vaguearam. Iam de mão dada, lado a lado e, por vezes, ele ia à frente e ela era guiada por ele, confiavam um no outro, acima de tudo. Sentaram-se num parque e, enquanto desviava os cabelos dos olhos, Maria sentiu que ficara com algo nos dedos. Olhou e reparou que eram umas gotas de sangue. Provavelmente cortara-se num galho mais baixo. Percebendo o que se passava, Bernardo agarrou num lenço de papel para ajudá-la. Maria baixou os braços e deixou que fosse Bernardo a cuidar dela. O rapaz passou o lenço no pequeno arranhão de vermelho vivo que se realçava na bochecha dela. Apenas uma pequena parte saiu. O restante, como já estava praticamente seco, ofereceu maior resistência com esta primeira tentativa de remoção. Todos os gestos eram efectuados com a máxima atenção para não ferir mais a rapariga. Bernardo gostava mesmo dela e tudo o que fazia mostrava uma dedicação e um carinho que já não se encontra por ai. Levou um dos dedos à boca e com um pouco de saliva humedeceu-o. Muito devagar, levou novamente a mão à bochecha direita de Maria e, fazendo um pouco mais de pressão, retirou todo o sangue que manchava o rosto bonito da rapariga. Enquanto ele tratava daquela pequena ferida, Maria observava-o. Tudo o que ele fazia era meigo, os olhos dele brilhavam. Admirava-o mais que tudo, por conseguir ser tão ternurento, por cuidar dela como ninguém fora capaz, por a proteger de qualquer coisa, até dela própria, por vezes. sentia-se orgulhosa dele por ele ser tão criança e tão adulto ao mesmo tempo, por ter uma sensatez que ela adorava.
Quando terminou, o rapaz inclinou-se, fechou os olhos, e deu um beijo na bochecha de Maria, no local onde agora se vislumbrava um pequeno traço vermelho, de onde já não corria qualquer sangue, como se aquele beijo fosse a cura necessária para que não ficasse qualquer marca. Para Maria, um beijo dele sarava todas as feridas, fazia desaparecer qualquer cicatriz.



Os dois minutos que tudo demorou, pareciam uma doce eternidade.