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Gosto de escrever pois a sensação de liberdade quando o faço é indescritível. Escrevo o que sinto, o que penso, o que gostaria que acontecesse. Isto significa que os meus textos são imaginados, contudo, possuindo o seu quê de verdade. I hope that you like it**

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Dia dos Namorados **


Desde pequenas que somos bombardeadas com os contos de fadas, com o "era uma vez", com as Princesas bonitas que esperam o beijo de amor eterno, tal como a Aurora ou a Branca de Neve, ou que esperam que o Príncipe as encontre experimentando o sapatinho em toda a aldeia, tal como a Cinderela. e tudo isto culmina com o cliché "e viveram felizes para sempre".
Ainda crianças habituamo-nos a estas histórias de encantar. Terão alguma verdade?

Eu espero, felizmente ou infelizmente, que alguma parte destas histórias entrem na minha vida. É verdade que não espero pelo Príncipe que virá num cavalo branco, que lutará com um dragão, me salvará e viverá comigo, e seremos felizes para sempre. Nada disso.

Para o bem e para o mal, e utilizando a expressão brasileira, sou "uma boba" que acredita no amor.

Espero pelo meu Príncipe, confiante, determinado, não de arma em punho mas quem sabe de ramo de rosas em punho. Irá surpreender-me, bater à minha porta sem eu sequer suspeitar que o ia ver, tal como o Príncipe quando chegou a casa da Cinderela. Abraçar-me-á, dir-me-á que sou a mulher mais bonita do mundo. Surpreender-me-á nos momentos em que menos espero, com palavras que nem esperava ouvir.

Olhará pra mim com aqueles olhos meigos e sentir-me-ei a pessoa mais especial do mundo, apenas porque ele olhou para mim. Olhou, viu, reparou. Sentirei o calor da sua pele naquele abraço apertado, que é simplesmente a melhor prova de amor, de carinho, de ternura. Quererei fazer dele um Rei, dar-lhe toda a felicidade que ambiciono para mim, mas que lha dou, só plo simples facto de o ver sorrir.

Mas não é assim tão fácil como na terra dos sonhos. As personagens encantadas cantam quando estão contentes ou tristes, aparecem fadas-madrinhas com pós mágicos e, no fim, tudo acaba bem. Na realidade, as pessoas gritam, dizem coisas que não querem, magoam. Apontam defeitos, nunca nada está bem. Não partilham as mais pequenas alegrias como se fosse o acontecimento mais extraordinário do mundo.

E no amor... bem, aí não há nenhuma poção ou varinha mágicas que nos safem. É difícil. É complicado. E é simples. Basta amar, ou não?

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Um orgulho... *


A ocasião era de cerimónia. Filipa escolheu um vestido de alças cinzento que combinava com o fato de Gonçalo. Maquilhou-se e calçou as sandálias pretas. Só queria estar à altura do noivo, parecer tão solene e elegante quanto ele. Saiu do quarto e aguardou na salinha. Quando Gonçalo assomou à porta e ela observou-o cuidadosamente. O fato cinzento-escuro combinava na perfeição com a camisa de tom mais claro e a gravata lilás. O cabelo estava ordeiramente desalinhado, com jeitos bonitos. O sorriso aberto terminava o quadro que a fez suspirar. Estou bem, perguntou. Estás deslumbrante Princesa. De mãos dadas saíram de casa e encaminharam-se para o Pavilhão Municipal, onde iria decorrer a Cerimónia de Homenagem a colaboradores importantes da empresa. Gonçalo era um deles. Era o mais novo mas, não obstante isso, ia ser distinguido pelo seu trabalho incansável e pela disposição imediata para todo e qualquer serviço que lhe solicitassem.

Embora não o confessasse, estava nervoso. Era a primeira vez que alguém tão novo recebia aquele tipo de distinção. Tinha trabalhado para tal, é verdade, mas não conseguia deixar de se sentir ansioso. Olhou para a Filipa e acalmou-se. Ela estava do seu lado agora, e sabia que estaria sempre.

Sentaram-se e assistiram ao início da cerimónia. Gonçalo foi o terceiro a ser chamado ao palco. Após os apresentadores lerem um pouco da sua biografia e do trabalho desenvolvido na empresa, Filipa viu o noivo levantar-se e dirigir-se à boca de cena. Ele merecia. Enquanto Gonçalo caminhava, a rapariga olhava-o com atenção. Aquele jeito confiante estava com ele desde que se conheciam. E como ela gostava disso… Gonçalo tinha uma aura que ela não conseguia explicar.

Decorriam os beijinhos e cumprimentos, a entrega de flores, do diploma e da medalha. Filipa fitava-o e pensava. Muito tinha mudado desde que tinham começado a namorar. Ela sentia-se completamente envolvida nesta relação, cada vez mais. Ele assumiu, ao longo de tempo, uma postura mais madura e adulta. Eram um casal feliz.

Após uma salva de palmas, Gonçalo encaminhou-se, novamente, para o seu lugar. Filipa estava à sua espera, em pé. Ele aproximou-se, deu-lhe um beijo muito suave nos lábios e entregou-lhe o ramo de flores que lhe fora oferecido. Encostou os lábios ao ouvido da amada e sussurrou, Obrigado, por estares sempre do meu lado, amo-te. Filipa corou, assentiu com a cabeça, Vou estar sempre aqui, disse e sorriu. Estava orgulhosa dele. Sentia-se como a Primeira Dama a acompanhar o seu Presidente. Ele recebia elogios e parabéns de outros colaboradores e amigos mas fazia questão de não largar a mão da noiva.

Quando terminou, saíram do Pavilhão e caminharam junto à marginal. Estiveste muito bem hoje. Tinha o teu apoio, era impossível que corresse mal. Vamos ficar sempre juntos. Vamos, para sempre.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Alentejo, Alentejo... *



Eram 11h da manhã. Maria estava na aula. O desafio de hoje era experimentar a libertação através de vários exercícios, correspondendo cada uma deles a uma música diferente. De forma muito resumida, a professora pediu aos alunos se imaginassem sozinhos e se soltassem, dançassem, gritassem, que não tivessem medo de se expressar corporalmente, por mais "ridículos" que pudessem achar que estavam a ser.
Maria experenciou uma sensação de liberdade que nunca tinha sentido antes. De pálpebras cerradas, deixou os braços movimentarem-se em todas as direcções, permitiu que os pés se movessem ao ritmo das músicas, libertou-se de medos e preconceitos.
Um dos exercícios pedia que se imaginassem num lugar fora daquelas quatro paredes. Um lugar que quisessem conhecer ou que ainda não conhecessem o suficiente, que explorassem e descobrissem coisas novas.
A rapariga sabia bem onde ir. Alcácer do Sal. Fora lá uma quantidade pequena de vezes. Imaginou-se na zona do Castelo, que era uma das que conhecia. Encantada, olhou em seu redor. Viu, lá em baixo, o rio que em Portugal corre em sentido inverso. Apoiou as mãos no muro à sua frente. Fechou os olhos e apurou os outros sentidos. Inspirou e sentiu o cheiro doce do Alentejo. Ouviu o silêncio tranquilizante.
Agora, meninos, regressem. Era a voz da professora. Maria abriu os olhos. Sentia em si a mesma paz que encontrava quando ia a Alcácer do Sal.
Estamos na fase final. Vão ouvir a música seguinte e deixarem-se ir com ela. Chegou a altura de irmos acalmando, explicou a docente. Um clarinete começou a ouvir-se, enchendo de som toda a sala. As janelas estavam abertas e, rapidamente, Maria voou por elas até ao Teatro Pedro Nunes. Ficou sentada nas bancadas superiores, de frente para o palco. Um rapaz, vestido com uma camisa de cor roxa e com calças de ganga, solava no clarinete com uma doçura que enternecia a jovem. Ouvindo-o tocar, até parecia simples fazer-se música. Colocou os cotovelos na varanda da bancada e, com as mãos, amparou a cabeça. E ficou a ouvi-lo tocar. Não sabe ao certo quanto tempo ali ficou, a olhar para ele, a admirá-lo, a escutá-lo, como se não existisse mais nada o mundo.
Caros estudantes, vamos regressar. O rapaz do clarinete desfez-se em fumo. Maria olhava pela janela mas percebia-se que não era a paisagem exterior que ela contemplava. Estava longe, bem distante dali.
A professora fez algumas conclusões, perguntou se havia dúvidas e deu a aula por terminada. Maria saiu da sala com um sorriso nos lábios.