A minha foto
Gosto de escrever pois a sensação de liberdade quando o faço é indescritível. Escrevo o que sinto, o que penso, o que gostaria que acontecesse. Isto significa que os meus textos são imaginados, contudo, possuindo o seu quê de verdade. I hope that you like it**

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Um Mundo Ideal... (parte III)



Era Inverno e o frio fazia-se sentir. O País enfrentava uma vaga gelada, que fazia algumas cidades apresentarem graus negativos.
João voltou àquele pedaço de paz, após cinco meses de ausência. Mas, desta vez, a sensação de lá voltar era outra. O verde abundante, presente no Verão, desaparecera, dando lugar aos tons castanho, amarelo e dourado. A maioria das árvores deixara de ter aquela ramagem espessa e que tanta sombra fazia nos meses quentes, para ser substituída por ramos despidos. Apenas os pinheiros, que possuíam folha permanente, continuavam com as suas agulhas verdes e bonitas. Os caminhos encontravam-se, agora, mais ao descoberto, por já não haver tantos arbustos nem folhagem que os escondessem. O sol brilhava, apesar de ser com menos intensidade. Estava um dia agradável.
Ao passar junto a uns lagos, João deparou-se com patos e pombos que, teimosamente, insistiam em ser os exploradores anuais daquele sítio. Com o frio e o tempo do trabalho, as pessoas deixavam de frequentar aquele espaço.
O rapaz sentou-se num banco de pedra, frio, a contemplar. Olhava para as poucos pessoas que passavam; via, na água os patos a nadarem e os pombos a fazerem a sua higiene e, perguntava-se, como seria possível, não terem frio ao contactarem com a água gélida; sentia o mesmo vento que, suavemente, agitava os ramos nus; observava as folhas douradas, caídas no chão de pedra, na relva, na água. À sua frente passou um pato colorido. A cabeça era verde, com o bico amarelo, o pescoço castanho, o resto do corpo bege, as penas do rabo eram pretas e as asas possuíam somente uma pena de tonalidade roxa, que se distinguia facilmente de todas as outras. Passeava pelo passeio como gente grande, como o verdadeiro “Rei da zona”. Parou e debicou umas bagas pretas, caídas de uma árvore próxima e, continuou o seu caminho.
Aquele lugar era sublime, tanto no Inverno como no Verão. Tinha sempre o seu vestígio de magia. João pôs-se a caminho mas fez nova paragem junto ao anfiteatro. O senhor que, há uns meses atrás, via dormir num banco acima do seu, não estava lá, tal como tantas outras pessoas que agora, por causa do medo do frio ou do trabalho, não se viam.
Perto do palco passeava uma dúzia de pombos. Caminhavam para trás e para a frente, sem saberem muito bem para onde ir. De repente, e vindo sabe-se lá de onde, apareceu um gato, avançando elegantemente para as aves. Ao pressentirem e avistarem o perigo, levantaram voo num alvoroço espectacular que, só quem viu, é que ficou fascinado. Um melro preto e de bico laranja passou velozmente por todos os bancos e, logo de seguida, voou. A grande árvore que fazia sombra sobre uma das bancadas, estava completamente nua, sendo possível observar todos os ramos e raminhos que, normalmente, não se viam.
Sobre o palco apareceram uns patos, que ocupavam todo o espaço cénico como actores profissionais, contracenando numa peça que só eles entendiam.
Aquele lugar era único.

Sem comentários:

Enviar um comentário